quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Como lidar com a síndrome do pânico




Robert estava sentado confortavelmente no seu escritório. De repente, seu coração disparou. Num sobressalto, aprumou-se na cadeira e a testa ficou molhada de suor. Robert tinha certeza de que estava tendo um ataque cardíaco. Agarrou o fone. “Algo terrível está acontecendo comigo”, disse ele, ofegante. “Parece que vou desmaiar!”




ESSA foi a primeira vez que Robert teve uma crise de pânico. Infelizmente, não foi a última. Ele teve a mesma sensação algum tempo depois num restaurante e posteriormente num shopping center. Sofreu outra crise quando estava visitando amigos. Logo, o único lugar em que se sentia seguro era em casa. Gradualmente, a depressão tomou conta. “Até pensei em me suicidar”, admite.
Seis meses depois, Robert viu por acaso num jornal um artigo sobre a síndrome do pânico e agorafobia. O que ele aprendeu salvou-lhe a vida.




Por que o pânico?

O pânico é a reação normal do organismo ao perigo. Imagine que está atravessando uma rodovia. De repente, nota um carro em alta velocidade vindo em sua direção. Seu organismo reage imediatamente: ocorrem alterações físicas e químicas, o que lhe possibilita correr como um velocista para não ser atingido.
Mas agora imagine essa mesma sensação de pânico sem nenhuma causa aparente. O Dr. R. Reid Wilson diz: “As crises de pânico ocorrem quando o pânico engana o cérebro, levando-o a pensar que existe um perigo iminente. Você está numa fila de supermercado, na maior tranqüilidade. De repente, clique! O alarme de emergência é acionado. ‘Estado de alerta! Todos os sistemas se preparem para a batalha!’”
Só os que já passaram por isso conseguem entender plenamente a intensidade dessas crises. A revista American Health descreve-as como “uma descarga de adrenalina que coloca o organismo em estado de alerta por cinco minutos ou por uma hora por dia, e daí desaparece tão rápida e misteriosamente como surgiu, deixando-o fraco, exaurido e com pavor da próxima crise”.



As raízes do pânico

As crises de pânico geralmente atingem adultos jovens e afetam mais mulheres do que homens. Qual é a sua causa? Não existe uma resposta definida. Alguns dizem que as vítimas têm predisposição biológica por causa de uma anomalia no sistema límbico do cérebro. Muitos acham que a síndrome seja hereditária, ao passo que outros afirmam que a química do cérebro é alterada por fatores que causam o estresse.

Em alguns casos, a crise é detonada por recordações de experiências traumáticas, como guerra, estupro ou abusos sofridos na infância. Segundo certa pesquisa, o número dos que têm a síndrome entre os que foram vítimas de incesto é 13 vezes maior do que entre a população em geral. De fato, embora as crises de pânico e outros distúrbios sejam males específicos, podem ser também o que a escritora E. Sue Blume chama de “raios de uma roda que convergem para um único eixo, o incesto”.

Naturalmente, nem todas as crises de pânico são causadas por trauma. Mas o Dr. Wayne Kritsberg avisa que, quando este é o caso, “tratar das conseqüências secundárias do abuso, em vez de curar o trauma original, não resolve o problema de forma permanente. Seria como tomar xarope para tosse para curar um caso de pneumonia”.

Tem cura?

As crises podem ser controladas. Muitos que ficam confinados em casa com medo das crises foram ajudados pela terapia de exposição. Nesse tratamento, o paciente é exposto à situação que ele teme e é ajudado a permanecer ali até que o pânico diminua. Os que têm problemas cardíacos, asma, úlcera péptica, colite ou doenças similares devem consultar um médico antes de experimentar esse tratamento.

Técnicas de relaxamento podem ser empregadas para aliviar o acúmulo de ansiedade. Algumas delas são consideradas no quadro acompanhante, “Técnicas de relaxamento”. Mas não espere ter a crise. É melhor praticar os exercícios durante os períodos em que a ansiedade não é intensa. Quando tiver dominado as técnicas, elas podem diminuir, ou até prevenir, futuras crises.



Pessoas perfeccionistas e com baixa auto-estima são mais propensas à síndrome. “Na época em que tinha crises de ansiedade, eu era dominado por pensamentos negativos”, diz uma pessoa que sofre desse mal. “Eu dizia a mim mesmo que, por ter ansiedade, era inferior aos outros e por isso ninguém iria gostar de mim.” Reverter tais atitudes pode reduzir as ansiedades que levam ao pânico.



Confidenciar suas ansiedades a um amigo de confiança ajuda muito. Falar sobre elas pode ajudar a vítima a distinguir os problemas que precisam ser suportados dos que podem ser solucionados. 

O que induz a crise geralmente não é um problema de proporções gigantescas, mas o acúmulo de pequenos aborrecimentos, aparentemente insignificantes: pode-se comparar isso a ligar vários aparelhos elétricos num mesmo circuito, o que pode queimar um fusível. Uma solução é escrever os seus problemas em pequenos cartões, usando um cartão para cada problema específico. Depois disponha-os por ordem de gravidade, começando com o mais simples. Lide com eles um por vez. Colocar por escrito seus problemas muda a maneira de você encará-los: aquilo de que você tem medo passa a ser algo que você consegue ver e resolver.





Alguns obtêm alívio tomando tranqüilizantes e antidepressivos. No entanto, cabe aqui uma palavra de cautela. “Não acho que a medicação, sozinha, resolva o problema”, diz o conselheiro Melvin Green. “Ela deve ser usada como um coadjuvante enquanto se procura a resposta. . . . Os remédios podem ajudá-lo a realizar as atividades normais do dia-a-dia, e isso pode lhe dar a oportunidade de procurar ajuda para tratar das causas da agorafobia e trabalhar em direção da recuperação.”


“Certo dia, em março de 1991, meu marido me mostrou um folheto sobre a síndrome do pânico. Os sintomas descritos eram exatamente o que eu sentia! Li mais sobre o assunto, compareci a conferências e marquei consulta com um especialista. Depois de duas décadas, por fim identificaram o meu problema. Eu estava a caminho da recuperação!

“A maioria dos que sofrem da síndrome do pânico melhoram com um tratamento adequado. Amigos compassivos ajudam bastante: em vez de aumentar o sentimento de culpa do doente, a pessoa que tem discernimento saberá que quem sofre dessa síndrome não é anti-social porque quer. — 




Técnicas de relaxamento

Respiração: As crises de pânico são geralmente acompanhadas pela hiperventilação. Para relaxar a respiração, experimente este exercício: Deite-se de bruços. Inspire e conte até seis; expire e conte de novo até seis. A seguir, faça o mesmo sentado, depois em pé. Respire fundo contraindo o diafragma e pratique isso diariamente, até que se torne algo natural. Alguns gostam de imaginar uma bonita paisagem enquanto fazem esse exercício.




Pensamentos: ‘E se eu desmaiar?’ ‘E se não houver ninguém para me ajudar?’ ‘E se eu tiver uma parada cardíaca?’ Pensamentos trágicos detonam o pânico. Uma vez que esses pensamentos geralmente são sobre tragédias futuras ou crises passadas, procure concentrar-se no presente. “Concentrar-se no presente logo relaxa”, diz o Dr. Alan Goldstein. Alguns sugerem usar um elástico no pulso. Quando vêm pensamentos trágicos à mente, puxe o elástico soltando-o em seguida, e diga a si mesmo: “Pare!” Interrompa o círculo da ansiedade antes que ele se transforme em pânico.






 Reação: Caso seja acometido pelo pânico, não lute contra ele. É apenas uma sensação, e as sensações não são necessariamente prejudiciais. Imagine que está na praia, observando as ondas. Elas sobem, rebentam e daí morrem. O mesmo acontece com o pânico. Em vez de lutar contra a onda, deixe-se levar por ela, pois vai passar. Depois que passa, não tenha uma reação exagerada nem faça uma introspecção profunda do que ocorreu. Já acabou, como acontece com uma crise de espirros ou uma dor de cabeça.






O pânico é como um valentão que gosta de assustar. Se você o provoca, ele ataca; deixe-o em paz, e ele talvez vá embora. O Dr. R. Reid Wilson explica que as técnicas de relaxamento “não se destinam a equipá-lo a ‘combater’ ou ‘banir’ o pânico naquele momento. Pelo contrário, considere-as como maneiras para passar o tempo enquanto o pânico tenta comprar uma briga com você”.

Agorafobia, o medo de ter medo

Muitos que sofrem da síndrome do pânico desenvolvem a agorafobia. Embora tenha sido definida como o medo de lugares públicos, agorafobia é, mais exatamente, o medo de ter medo. Os que sofrem desse mal temem tanto o pânico que evitam todos os lugares em que já tiveram uma crise. Logo só lhes resta um lugar em que se sentem seguros: em geral a própria casa.





“Imagine que está saindo de casa”, diz o escritor Melvin Green. “De repente, não se sabe de onde, aparece um homem enorme. Ele empunha um bastão de beisebol e, sem nenhuma razão aparente, lhe dá uma pancada na cabeça. Você vai cambaleante para casa, sem acreditar no que acaba de acontecer. Quando se sente melhor, você dá uma olhadinha para fora da porta, e tudo parece normal. Você sai na rua de novo. De repente, ali está ele novamente, e você leva outra pancada. Você volta para a segurança de seu lar. Você espia pela porta dos fundos . . . Lá está ele. Olha pela janela . . . Ele está lá. Você sabe que, se sair da segurança de sua casa, levará outra pancada. A pergunta é: Tem coragem de sair?”


                               



Muitos que sofrem de agorafobia se identificam com o personagem da ilustração e acham que o seu mal é incurável. Mas o Dr. Alan Goldstein assegura: “Vocês não são os únicos, vocês não estão sós. . . . Vocês têm condições de se ajudar.”



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