terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O que aconteceu com a paciência?


A IMPACIÊNCIA não é algo novo. Não é de hoje que as pessoas perdem a paciência quando estão presas num congestionamento ou esperando numa fila. Mas alguns especialistas acreditam que a impaciência nunca foi tão comum como agora — e por motivos que podem surpreender você.

Alguns estudos indicam que muitas pessoas são menos pacientes hoje por causa da tecnologia. Segundo o jornal The Gazette de Montreal, Canadá, alguns pesquisadores sugerem que “a tecnologia digital, incluindo coisas como celulares, câmeras, e-mails e iPods, está mudando nossa vida . . . Os resultados imediatos que essa tecnologia oferece têm aumentado nosso apetite por gratificação imediata em outras áreas da vida”.
A Dra. Jennifer Hartstein, psicóloga familiar, comenta algo que dá o que pensar. Ela explica que “nos tornamos uma cultura da gratificação imediata e esperamos que as coisas aconteçam sem demora, sem erros e da maneira como queremos. Quando isso não ocorre, a tendência é ficarmos  cada vez mais frustrados e irritáveis, [um sinal] de impaciência”. Ela acrescenta: “Desaprendemos a arte de diminuir o ritmo e aproveitar o momento.”
Alguns acreditam que o e-mail está perdendo popularidade e poderá ficar ultrapassado em breve. Por quê? Porque muitas pessoas que enviam mensagens não têm paciência para esperar algumas horas, nem mesmo minutos, para receber uma resposta. Além disso, quando alguém lê um e-mail, assim como acontece numa carta, espera encontrar saudações no início e no fim da mensagem. Mas muitas pessoas acham essas formalidades entediantes e uma perda de tempo. Por isso, preferem usar mensagens instantâneas. Parece que ninguém tem paciência para digitar saudações bem-educadas. E poucos tiram tempo para revisar o que escrevem. Em resultado disso, cartas e e-mails vão para destinatários errados ou contêm vários erros gramaticais e ortográficos.
Muitas pessoas não têm paciência para ler longos textos impressos.
A ânsia por resultados imediatos não se restringe ao mundo da comunicação digital. Parece que a falta de paciência também está presente em outras áreas da vida. Por exemplo, já aconteceu de você perceber que estava falando, comendo, gastando dinheiro ou dirigindo rápido demais? Até mesmo esperar o elevador chegar, o semáforo abrir ou o computador iniciar pode parecer uma eternidade!
Especialistas perceberam que muitas pessoas não têm paciência para ler longos textos impressos. Por quê? Porque elas estão acostumadas a navegar freneticamente na internet, passando os olhos apenas nos títulos e entretítulos na esperança de encontrar os pontos mais importantes no menor tempo possível.
O que aconteceu com a paciência? Especialistas não conhecem todas as causas da impaciência. Mas há fortes evidências de que ela é prejudicial. Os próximos artigos vão considerar alguns dos riscos da impaciência e o que você pode fazer para ser mais paciente.

Elas estão acostumadas a navegar freneticamente na internet

IMAGINE a seguinte situação: um homem está dirigindo numa pista de mão dupla num trecho em que é proibido ultrapassar. Na sua frente, uma mulher está dirigindo pouco abaixo da velocidade máxima permitida. Para o homem impaciente, ela está muito, muito devagar. Depois de ficar alguns minutos colado no carro dela, ele perde totalmente a paciência e faz a ultrapassagem a uma velocidade altíssima. Ao fazer isso, ele viola a lei e corre o risco de causar um acidente.
E que dizer de uma mulher que não tem paciência ao trabalhar com pessoas que não são tão rápidas ou inteligentes como ela? E um homem que fica apertando o botão do elevador até ele chegar? E você? Costuma perder a paciência com seus pais idosos ou com seus filhos pequenos? Fica irritado com facilidade por causa dos erros dos outros?
Todo mundo fica impaciente de vez em quando. Mas é muito perigoso quando os ataques de impaciência acontecem diariamente.

Riscos à saúde:


A impaciência está associada à frustração, irritação e raiva. Esses sentimentos podem aumentar o nível de estresse, consequentemente prejudicando a saúde. Uma pesquisa recente publicada pela Associação Médica Americana revelou que a impaciência é um fator de risco para a hipertensão, até mesmo entre jovens adultos.
A falta de paciência pode resultar em outros problemas de saúde, como a obesidade. Segundo o jornal The Washington Post, num estudo recente, “pesquisadores concluíram que pessoas impacientes são mais propensas a ser obesas do que as que sabem esperar”. Em alguns lugares, é muito fácil e barato comprar fast-food a qualquer hora do dia, e muitas pessoas impacientes não conseguem resistir à tentação.

 Procrastinação:


Um estudo feito pelo Centro de Pesquisas de Política Econômica de Londres constatou que pessoas impacientes tendem a se tornar procrastinadores crônicos. Por quê? Será que é porque elas não têm paciência para fazer tarefas demoradas e acabam deixando-as para depois? De qualquer forma, a tendência de adiar pode ter sérias consequências na própria pessoa e na economia. Segundo o jornal britânico The Telegraph, o pesquisador Ernesto Reuben disse que “a procrastinação prejudica muito a produtividade no trabalho e pode sair caro para a pessoa [impaciente], visto que ela vive adiando serviços burocráticos”.

Abuso de álcool e violência:


Segundo o jornal britânico South Wales Echo, “pessoas impacientes têm mais probabilidade de se envolver em violência após uma noitada de muito álcool”. Pesquisadores da Universidade de Cardiff comprovaram essa relação depois de estudar centenas de casos envolvendo homens e mulheres.

Falta de bom critério:


Um grupo de analistas a serviço do Pew Research Center, em Washington, DC, constatou que pessoas impacientes “geralmente tomam decisões precipitadas e impensadas”. O Dr. Ilango Ponnuswami, professor e chefe do Departamento de Serviços Sociais da Universidade Bharathidasan, na Índia, chegou a uma conclusão similar. Ele explica: “A impaciência tem um preço. Esse preço inclui dinheiro, amigos, dor, sofrimento e inúmeras outras consequências simplesmente porque a impaciência costuma ser seguida de más decisões.”

 Dificuldades financeiras:


Existe uma relação entre impaciência e “níveis de endividamento mais altos”, comentou a Research Review,publicada pelo Federal Reserve, o Banco Central Americano, em Boston. Por exemplo, alguns recém-casados impacientes querem todos os confortos para sua casa logo após o casamento, apesar de seus recursos limitados. Assim, eles compram uma casa, móveis, carro e todo o resto — a crédito. Isso pode prejudicar o casamento. Pesquisadores da Universidade de Arkansas, EUA, dizem que “recém-casados que começam o casamento endividados são menos felizes do que os que não têm nenhuma ou quase nenhuma dívida”.
Alguns culpam a impaciência pela recente crise econômica nos Estados Unidos. A revista financeira Forbes afirma que “a situação atual do mercado é consequência de indevida impaciência somada a excessiva ganância. A impaciência levou muitos milhares de pessoas comuns a tentar adquirir propriedades de um valor muito maior que o de suas economias. Assim, eles fizeram enormes empréstimos coletivos que os deixaram endividados por muitos anos — ou, no caso de alguns, pelo resto da vida”.

Perda de amigos:


A impaciência pode prejudicar nossa comunicação. Alguém que não tem paciência para ter uma conversa significativa tende a falar sem pensar. Também pode ficar irritado quando outros falam. Uma pessoa assim não tem paciência para esperar a outra terminar de expressar suas ideias. Então, o ouvinte impaciente termina as frases de quem está falando ou procura outra maneira de apressar a conversa.
Essa impaciência pode resultar na perda de amigos. A Dra. Jennifer Hartstein, mencionada no artigo anterior, explica: “Quem gosta da companhia de alguém que fica o tempo todo batendo o pé ou olhando para o relógio?” Realmente, a impaciência não atrai em nada as pessoas. Ela afasta os amigos.
Essas são apenas algumas das consequências da impaciência. Vamos as possíveis soluções, veja abaixo:
DEPOIS de ler os artigos anteriores, você provavelmente concordará que a paciência nos ajuda muito a ter uma saúde melhor, tomar boas decisões e fazer boas amizades. Mas como você pode aprender a ser mais paciente? 

Identifique as causas:

Alguns chamam as coisas e situações que nos deixam impacientes de desencadeadores da impaciência. O que provoca sua impaciência? É alguém específico? Pode ser que no seu caso os principais desencadeadores da impaciência sejam seu marido ou esposa, pai ou mãe ou então filho ou filha. Ou será que o problema tem a ver com o tempo? Por exemplo, você tem a tendência de perder a paciência enquanto espera alguém ou quando está atrasado? Talvez quando está cansado, com fome, com sono ou sob algum tipo de estresse? Você perde mais a paciência em casa ou no trabalho?
Será que apenas identificar as causas de sua impaciência serve de ajuda? Muito tempo atrás, o Rei Salomão escreveu: “O esperto vê o perigo e se esconde; o ingênuo avança e se sai mal.” (Provérbios 22:3Pastoral) De acordo com esse antigo provérbio bíblico, quando você prevê surtos de impaciência, talvez consiga evitá-los. No início, isso pode ser difícil, mas com o tempo a paciência se tornará parte de sua personalidade.

Simplifique a vida:

Segundo a professora Noreen Herzfeld, que leciona ciência da computação na Universidade Saint John em Minnesota, EUA, “as pessoas não podem fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. O cérebro não consegue se concentrar em várias coisas simultaneamente”. Ela acrescenta: “Aos poucos, o hábito de fazer várias coisas ao mesmo tempo compromete nossa concentração, e isso por fim vai acabando com qualidades como paciência, determinação, bom-senso e habilidade de resolver problemas.”
É difícil alguém desenvolver paciência quando está estressado porque precisa fazer muitas coisas, estar em muitos lugares e manter contato com muitas pessoas. A Dra. Jennifer Hartstein, já mencionada nesta série, adverte: “Basicamente, o estresse é a causa de boa parte de nossas reações impacientes.”
Então, “tire o pé do acelerador e relaxe”, como alguns dizem. Tire tempo para aproveitar a vida. Faça boas amizades com poucas pessoas, em vez de ir atrás de amizades superficiais com muitas pessoas. Administre bem seu tempo e defina suas prioridades com sabedoria. Tome cuidado para não desperdiçar tempo com hobbies e aparelhos eletrônicos.
Para simplificar a vida, analise sua rotina. Você pode diminuir o ritmo ou eliminar algumas  atividades? Um provérbio bíblico diz: “Para tudo há um tempo determinado . . . , tempo para guardar e tempo para lançar fora.” Talvez esta seja a hora certa de você “lançar fora” algumas coisas que consomem seu tempo.

Seja realista:

Tenha um conceito realista da vida. Em primeiro lugar, as coisas nem sempre acontecem tão depressa como gostaríamos. Aceite o fato de que a passagem do tempo não é afetada por suas expectativas. Isso é ter paciência.
Em segundo lugar, lembre-se também de que você nem sempre pode controlar as circunstâncias. O sábio Rei Salomão escreveu: “A corrida não é dos ligeiros, nem a batalha dos poderosos, nem tampouco são os sábios os que têm alimento, nem tampouco são os entendidos os que têm riquezas, nem mesmo os que têm conhecimento têm o favor; porque o tempo e o imprevisto sobrevêm a todos eles. Pois o homem tampouco sabe o seu tempo.” 
Em vez de perder a paciência por causa de coisas que estão fora de seu controle, tente identificar coisas que você pode controlar. Por exemplo, em vez de se irritar porque seu ônibus ou trem está atrasado, você talvez possa encontrar outro meio de chegar ao seu destino. Até mesmo ir a pé seria melhor do que ceder à impaciência e à raiva. Se esperar é a única opção, aproveite o tempo para fazer algo produtivo, como ler algo interessante ou anotar seus compromissos e afazeres.
O fato é que não ajuda em nada ficar preocupado com coisas que você não pode controlar. Portanto sejamos pacientes sempre.

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